Peço desculpas por minha superficialidade no assunto, mas me atrevo a tecer algumas considerações acerca de uma discussão filosófica, talvez a mais relevante do século passado, que diz respeito a liberdade do indivíduo, o conflito básico entre o existencialismo e o marxismo ortodoxo, o papel da individualidade na história. Estamos realmente condenados a sermos livres, como constatou Sartre? Até onde essa liberdade pode ser exercida? A história é realmente uma marcha mecânica de estruturas econômicas somente mutáveis pelo cumprimento de um determinado ciclo social? Inventar o meio termo, sobre bases idealistas, jamais. Deixo esse papel ridículo para incosequentes como Michel Foucalt e sua trupe. Estamos sim condenados a ser livres, em determinado aspecto, vez que existe sempre a opção da escolha em qualquer situação. Mas o homem é um ser social, os fenômenos individuais na raça humana representam sim, fenômenos sociais também. E tendo isso em conta, é impossível não constatar que o meio talha sim, de forma decisiva, a gama de escolhas as quais somos permitidos fazer. A liberdade individual plena existe, mas não pode ser exercida socialmente em sua plenitude, o que causa uma controvérsia dialética natural. A síntese que se constrói a partir desse conflito, infelizmente, até hoje me parece intersubjetiva. E a solução desse problema só passará a ter uma resposta científica real depois do desenvolvimento de ciências que ainda estão limitadas pela universidade burguesa, como a psicologia e a sociologia. Caminhamos a passos muito lentos para a reintrodução do materialismo dialético no campo das ciências humanas e são raros os que se atrevem a enfrentar tal assunto. Enquanto a ciência não nos traz opções, minha tendência é aceitar a indissociabilidade da teoria e da prática e agir sempre de forma a buscar a transformação da realidade, tanto a minha realidade individual e consequentemente através dela a realidade do meio. E aceitar sempre que o desfio é maior do que simplesmente fazer a minha parte. Acho muito lindo o passarinho que quer salvar o incêndio da floresta trazendo água no bico, mas honestamente, a esse papel egoísta visivelmente ineficiente e moralista, eu não vou me prestar, não quero morrer queimado e virar mártir. Quero viver pra transformar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Você deve conhecer Wilhelm Reich.. mas se não, vale a pena ler.. teve idéias (e ações) bem interessantes sobre esse tema..
petulantemente brilhante...
movimenta tanta coisa,
proporciona discordancias e reflexoes...
bom encontrar um blog assim!
Postar um comentário